Conhecimento Tradicional e Políticas Públicas: preenchendo uma lacuna necessária

Visualizações: 920

Autores

  • Vitor Renck Wageningen University & Research
  • David Ludwig Knowledge, Technology, and Innovation Group, Wageningen University and Research, 6700 EW Wageningen, Países Baixos.
  • Irael de Jesus Santos Traditional expert from Siribinha
  • Valdemir Celestino dos Santos Traditional expert from Siribinha
  • Francisco de Assis da Conceição Traditional expert from Siribinha
  • Nelson Amado de Araújo Traditional expert from Siribinha
  • Clecio Cardoso dos Santos Traditional expert from Poças
  • Valdomiro José de Oliveira Traditional expert from Poças
  • Paride Bollettin Department of Anthropology, Faculty of Science, Masaryk University, Kotlářská 267/2, 611 37 Brno, República Tcheca.
  • José Amorim Reis-Filho ICHTUS soluções ambientais, Salvador, BA, Brasil, 41830-600.
  • Luana Poliseli Knowledge, Technology, and Innovation Group, Wageningen University and Research, 6700 EW Wageningen, Países Baixos.
  • Charbel El-Hani Instituto de Biologia, Universidade Federal da Bahia, R. Barão de Jeremoabo, 668, Salvador, BA, Brasil, 40170-115.

DOI:

https://doi.org/10.15451/ec2023-02-12.04-1-8

Palavras-chave:

pescadores artesanais, defeso, políticas ambientais, conhecimento tradicional, integração de conhecimentos

Resumo

No Brasil, a formulação da política de defeso não leva em conta o conhecimento tradicional, que é, via de regra, marginalizado e não reconhecido perante às políticas públicas que as atingem. Nesse sentido, encontramos uma marcada incompatibilidade entre o conhecimento de pescadores artesanais do estuário do rio Itapicuru, norte da Bahia, sobre o período reprodutivo de alguns animais marinhos, e seus atuais defesos. Levando-se em conta esse tipo de conhecimento, é nítido que duas espécies de robalo, bem como quatro espécies de camarão estão sendo protegidas na época errada. Portanto, propomos a revisão das legislações pertinentes levando-se em conta o conhecimento de especialistas tradicionais, bem como em futuras políticas de defeso. Para alcançar uma compreensão mais robusta e precisa da situação propomos integrar o conhecimento científico acadêmico ao conhecimento tradicional em uma abordagem de pesquisa participativa. Para que políticas de conservação tenham efeitos tangíveis, devemos combinar estudos científicos rigorosos com esforços etnográficos a fim de trazer o conhecimento de especialistas tradicionais sobre os períodos reprodutivos das espécies, que por sua vez podem variar significativamente para uma mesma espécie de acordo com sua distribuição geográfica. Este resultado mostra como a integração ou coprodução do conhecimento não só permite melhorar as práticas de gestão ambiental e formulação de políticas públicas, mas também pode desempenhar um papel de empoderamento para comunidades tradicionais e povos indígenas, contribuindo para suas autodeterminações.

Downloads

Não há dados estatísticos.

Referências

Albuquerque UP, Ludwig D, Feitosa IS, de Moura JMB, Gonçalves PHS, da Silva RH, Silva TC, Gonçalves-Souza T, Júnior WSF (2021) Integrating traditional ecological knowledge into academic research at local and global scales. Regional Environmental Change doi: https://doi.org/10.1007/s10113-021-01774-2. DOI: https://doi.org/10.1007/s10113-021-01774-2

Begossi A (2008) Local knowledge and training towards management. Environment, Development and Sustainability doi: https://doi.org/10.1007/s10668-008-9150-7. DOI: https://doi.org/10.1007/s10668-008-9150-7

Berkes F (2017) Sacred ecology. Routledge. DOI: https://doi.org/10.4324/9781315114644

Gagnon C, Berteaux D (2009) Integrating traditional ecological knowledge and ecological science. Ecology and Society 14:19. DOI: https://doi.org/10.5751/ES-02923-140219

Gilchrist G, Mallory M, Merkel F (2005) Can local ecological knowledge contribute to wildlife management? Ecology and Society 11:4. DOI: https://doi.org/10.5751/ES-01275-100120

MPA (2012) Ministério da Pesca e Aquicultura. Boletim Estatístico da Pesca e Aquicultura, Brasília, Brasil.

Musiello-Fernandes J, Zappes CA, Hostim-Silva M (2017) Small-scale shrimp fisheries on the Brazilian coast. Ocean & Coastal Management doi: https://doi.org/10.1016/j.ocecoaman.2017.07.018. DOI: https://doi.org/10.1016/j.ocecoaman.2017.07.018

Nora V (2013) Ecologia e etnoecologia de robalos (Centropomus undecimalis, Bloch, 1792 e Centropomus parallelus, Poey, 1860) na Baía de Paraty, RJ. Brasil. MSc. dissertação. Universidade Santa Cecília.

Reis-Filho JA, Miranda RJ, Sampaio CL, Nunes JAC, Leduc AO (2021) Web-based and logbook catch data of permits and pompanos by small-scale and recreational fishers: predictable spawning aggregation and exploitation pressure. Fisheries Research doi: https://doi.org/10.1016/j.fishres.2021.106064. DOI: https://doi.org/10.1016/j.fishres.2021.106064

Renck V, Ludwig D, Bollettin P, El-Hani CN (2022) Exploring Partial Overlaps Between Knowledge Systems. Human Ecology doi: https://doi.org/10.1007/s10745-022-00335-3 DOI: https://doi.org/10.1007/s10745-022-00335-3

Rosa RS, Menezes NA (1996) Relação preliminar das espécies de peixes (Pisces, Elasmobranchii, Actinopterygii) ameaçadas no Brasil. Revista Brasileira de Zoologia 13:647-667. DOI: https://doi.org/10.1590/S0101-81751996000300015

Vasques ROR, Couto EDCG (2011) Percepção dos Pescadores quanto ao estabelecimento do Período de Defeso da Pesca de Arrasto para a Região de Ilhéus (Bahia, Brasil). Revista de Gestão Costeira Integrada doi: https://doi.org/10.5894/rgci291 DOI: https://doi.org/10.5894/rgci291

Downloads

Publicado

17/02/2023

Como Citar

Renck, V., Ludwig, D., de Jesus Santos, I., Celestino dos Santos, V. ., de Assis da Conceição, F., Amado de Araújo, N., Cardoso dos Santos, C., José de Oliveira, V., Bollettin, P., Amorim Reis-Filho, J. ., Poliseli, L. ., & El-Hani, C. (2023). Conhecimento Tradicional e Políticas Públicas: preenchendo uma lacuna necessária. Ethnobiology and Conservation, 12. https://doi.org/10.15451/ec2023-02-12.04-1-8

Edição

Seção

Policy Brief